Transportamos connosco toda a sabedoria do mundo e queremos ter acesso à mesma em qualquer parte (sem restrições). Já usamos mais internet no telemóvel do que no computador e este ano o consumo de conteúdos através de dispositivos móveis, smartphones e tablets chegará a 71% do total.

A comunicação já não e o que era. Nem nunca mais será o que foi. E se a nossa ligação ao mundo se faz cada vez mais à distância, há algo que mantemos sempre connosco. Que nos une. É como se já não estivéssemos completos sem ele. O smartphone já entrou no nosso dia a dia há alguns anos, mas não se esperava que, em pouco tempo, grande parte da nossa vida fosse gerida a partir dele. Tornou-se um fiel amigo com que contamos para quase tudo.

Hoje, é a partir destes telemóvel inteligentes que acedemos à maior parte da informação. Continuamos a fazer chamadas, no entanto consumimos muitos outros conteúdos. Sempre ligados à internet — que é, desde a última semana, um Direito Humano Fundamental. A resolução do Conselho de Direitos Humanos da ONU até pode não ser vinculativa, mas é um sinal dos tempos — “os mesmos direitos que as pessoas possuem offline deve ser protegidos online”, expressa o documento — e serve de aviso aos que países interrompam o acesso à web para impedir a circulação de informação. A liberdade de expressão, coberta pelo artigo 19 da Declaração Universal dos Direitos Humanos, não pode ser posta em causa. Muito menos agora, quando toda a realidade está à distância de um toque.

A revolução está em curso, mesmo que haja países a tentar travá-la (Rússia, China, Arábia Saudita, África do Sul e Índia votaram contra a resolução aprovada por mais de 70 países, Portugal incluído) e os números mais recentes mostram que o último ano nos trouxe uma mudança total rumo à mobilidade. Os dispositivos móveis ultrapassaram pela primeira vez o computador como meio preferencial de acesso à internet à escala mundial e, já este ano, o consumo através de dispositivos móveis (smartphones e tablets) chegará, segundo a Zenith, a 71% do total.

De acordo com a Anacom, o tráfego de internet através de telemóvel em Portugal aumentou 8,8% no primeiro trimestre deste ano, em termos trimestrais, com o tráfego de acesso à internet através de dados móveis em geral a aumentar 2,5%. Neste momento, o tráfego gerado apenas através do telemóvel no país já representa 41,9% de toda a internet móvel. Hoje já são mais de 5,5 milhões os utilizadores (dados do primeiro trimestre de 2016) que usam internet em banda larga móvel e a prevalência dos telemóveis neste universo é avassaladora: cinco milhões acedem à web através de telemóvel e apenas 549 mil acedem através de tablet ou computador pessoal. O crescimento total face ao trimestre anterior foi de 0,3% e de 10,1% em termos homólogos.

A força do acesso à internet através de telemóvel em Portugal tem uma explicação, também ela avançada pela Anacom a partir do Barómetro de Telecomunicações da Marktest. Aponta para um dado curioso: sete em cada 10 utilizadores de telemóvel têm um smartphone. Os telemóveis inteligentes lideram as preferências em Portugal. Apesar da mudança de hábitos, a utilização de dados móveis ainda é muito inferior à de internet fixa. Em termos médios, o consumo mensal de internet móvel foi de 1,42 Gigabytes (GB) por cliente, contra os 57,9 GB de tráfego médio mensal registado em casa.

A guerra pelos melhores tarifários (e a luta pela captação e manutenção de clientes) continua a ser uma realidade, mas nem sempre é fácil encontrar um vencedor. Ter mais clientes ativos de banda larga móvel não quer dizer que se é o operador que mais tráfego tem. No que concerne às quotas de clientes de banda larga móvel ativos, também avançados pela autoridade reguladora nacional, a Meo está na liderança (com 43,6%), seguindo-se a NOS (com 29,9%), ocupando a Vodafone o terceiro lugar (26,4%). Se preferirmos olhar para para o tráfego de internet móvel, a NOS apresenta a quota mais elevada (37,2%), seguindo-se a Vodafone (34,3%) e a MEO (28,5%).

Ainda há margem para crescer. O mais recente relatório da Comissão Europeia sobre os preços da banda larga na União Europeia (que analisa todos os operadores móveis do espaço comunitário, relativos a fevereiro de 2015), mostra que os preços em Portugal são ainda muito elevados. Por cá, o acesso à internet através de telemóvel custa 60% mais do que a média dos 28, ao passo que a banda larga móvel para tablets e computadores é 45% mais cara do que na UE. A verdade é que, de acordo com os dados de junho do último ano, ainda estamos muito abaixo da média da OCDE em número de subscritores por cada 100 habitantes (ver ranking acima).

Já há previsões para o que acontecerá nos próximos tempos ao mundo das comunicações e estima-se que o consumo de informação através da internet no telemóvel seja o que mais cresça este ano (27,7%), roubando protagonismo a meios mais clássicos como o computador (que sofrerá um decréscimo de 15,8%). Não é o único que perde utilizadores. Também o cinema (-0,5%), a rádio (-2,4%), os jornais (-5,6%) e as revistas (-6,7%) impressos perderão parte da sua quota a nível mundial. As estimativas são da Zenith, que estudou as perspetivas de consumo de 71 países, e mostram como não deixámos de nos preocupar com o que se passa no mundo.

Na realidade estamos ainda mais conectados. Não estamos a consumir menos conteúdos. Apenas o estamos a fazer de forma diferente. O aumento da utilização da internet (numa primeira fase nos computadores e numa posterior nos dispositivos móveis) foi também responsável pelo crescimento verificado em todos os meios entre 2010 e 2015 — aumentando a exposição a diversas formas de informação, de 403 minutos diários para 435. Em 2018, o consumo global de meios chegará aos 448 minutos. A empresa de estudos de mercado Zenith, no seu relatório “Previsiones sobre el Consumo de Medios”, publicado em meados de junho, mostra que no último ano passámos 177 minutos por dia em frente ao televisor e 110 na internet. Dentro de dois anos, a televisão representará 38% do universo de consumo e a internet — no seu todo — 31%. Este ano, passaremos 86 minutos de cada dia (composto por 24 horas ou 1440 minutos) a utilizar a internet no telemóvel, contra 36 minutos ao computador.

São muitas horas a olhar para os pequenos computadores que transportamos no bolso e queremos olhá-los sem restrições, em qualquer parte do globo. O trabalho ainda não está todo feito e este ano o Access Now (organização de defesa dos direitos digitais) já registou 20 ocasiões em que Governos autoritários bloquearam o acesso à internet. A revolução móvel prossegue.

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