A pergunta que paira na cabeça do informático neste tipo de situações é sempre a mesma: por que é que não se pede ao contabilista para fazer a declaração das contribuições gratuitamente?
O televisor não liga ou o micro-ondas não aquece? Não se preocupe, se houver um informático à mão ele pode sempre dar um jeitinho. Afinal, os anos que passou “agarrado ao computador” servem para isso mesmo. Por breves instantes vamos esquecer que o indivíduo estudou durante quase uma década, especializou-se numa área complexa e pode até estar a gerir ou a programar sistemas que envergonhariam os mais capazes cientistas da NASA.
Se há um informático por perto, certamente que ele consegue resolver o problema, seja para ligar um candeeiro ou descobrir onde encaixa a peça que se soltou do termoacumulador quântico. Se tem cabos é, sem sombra de dúvidas, um trabalho de informático!
E nem vamos pensar que o tipo deve ser pago. Só vai dar um jeitinho, perder umas horitas, acertar uma coisita ou outra. E faz isso de borla. Sim, de borla, porque não lhe custa nada observar e carregar em meia dúzia de botões para resolver o problema. E tem de o fazer rapidamente enquanto se dizem umas piadas sobre quantos informáticos são precisos para mudar uma lâmpada… Um clássico.
A pergunta que paira na cabeça do informático quando está numa destas (muito recorrentes) situações é sempre a mesma: por que é que não se pede ao contabilista para fazer a declaração das contribuições gratuitamente? Ou ao mecânico para arranjar o carro sem custos? O meu avô era mecânico e garanto que nunca ninguém lhe pediu uma retificaçãozinha da cabeça do motor de borla… Se lhe pedissem tal coisa, a parte da borla não passaria de um gracejo de mau gosto.
Pagar por trabalhos avulso ao informático é malvisto, parece despropositado. No máximo paga-se um cafezinho porque, bem vistas as coisas, “não lhe custou assim tanto”. Mesmo que tenha passado um dia inteiro a tentar remover um malware sem apagar nenhum dado importante, no final, muito provavelmente, só lhe vão perguntar: “ficou mais rápido?”. Os malabarismos que foram precisos fazer, entre conjugação dos programas certos, expertise, dores de cabeça e alguns cabelos brancos para conseguir por a máquina a funcionar sem despoletar o apocalipse dos bytes passam para segundo plano.
E o que pensam os informáticos? Esses tipos com grande poder de encaixe muito simplesmente mentalizam-se que ajudar o próximo é o mais importante, galvanizam-se interiormente, acreditando nessa mentira como se fosse uma verdade absoluta, e bebem o cafezinho que lhe ofereceram enquanto tentam resolver mais uma situação complicada como se estivessem a brincar com Legos.
Muitas vezes pensam, ainda que inconscientemente, em mudar de profissão. Não mudam porque adoram o que fazem. Falo por mim, pelo menos. Não trocava de profissão por nada deste mundo!
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